A reunião destes pesquisadores na Sub-rede “Divulgação científica” da Rede Clima permitiu desenvolver uma experiência comunicacional inédita no país em termos de pesquisa e produção em divulgação científica e abordagem das mudanças climáticas:
1) produziu um amplo diagnóstico de como as mudanças climáticas são abordadas de modo massivo pelas grandes narrativas midiáticas;
2) gerou um potente mapeamento da inserção das ciências humanas, filosofia e artes no debate das mudanças climáticas;
3) promoveu encontros com públicos diversos a fim de promover a problematização e produção coletiva e colaborativa de imagens, palavras e sons;
4) criou articulações entre a comunicação, as ciências humanas, a filosofia e as artes que geraram aberturas para novos modos de pensar as mudanças climáticas;
5) desenvolveu novas metodologias de pesquisa e ação coletivas e interdisciplinares em divulgação científica e mudanças climáticas;
6) promoveu articulações entre ensino, pesquisa e extensão, teoria e prática, apelando à possibilidade do pensamento em ato, cuja eficácia dos procedimentos inventou novos campos perceptivos e modos de entendimento do que pode ser a divulgação científica das mudanças climáticas;
7) gerou inúmeros artefatos de divulgação científica das mudanças climáticas, desde notícias e reportagens, dossiês de artigos e resenhas, vídeos, instalações, exposições, oficinas, bancos de imagens etc.
No que diz respeito às políticas públicas, vale ressaltar que a divulgação científica habitualmente aparece enquanto possibilidade de uma maior participação social, apontando-se a falta de acesso ao conhecimento científico por parte da população, o problema da política educacional e da inclusão social. Enquanto resultado das atividades inovativas e de pesquisa desenvolvidas por esta sub-rede, o que se evidencia é que o acesso à informação não garante, por si só, a efetiva participação do público, mas sim a construção de produtos e processos com o ativo envolvimento dos atores. As ações de divulgação científica, nesse sentido, podem ser compreendidas como catalisadoras de processos colaborativos de invenção de novos conhecimentos com as mudanças climáticas, e não como objetivos últimos das intervenções. Por isso buscamos, na relação com o público, não estabilizar o pensamento pela circulação de respostas e soluções prontas para os temas abordados. Essa escolha é importante já que o que está em jogo não é o convencimento do público, mas a promoção de novos modos de pensar. Destacam-se nesse sentido as produções audiovisuais coletivas, onde temos apelado à criação de novas lógicas que descolam os modos já dados como a mídia corporativa entende e representa as problemáticas relativas às mudanças climáticas. Apostando em modos de produção que acreditam que o audiovisual pode ser uma plataforma de encontros horizontais e não só de transferência de informação hierarquizada, confiamos em que estamos abrindo novos caminhos para a criação de um público ativo e efetivamente presente. Através de uma forte aposta na experimentação com as narrativas das mudanças climáticas, as pesquisas realizadas contribuem, portanto, para a inovação de pensamentos e materiais de divulgação científica e se concretizam na revista ClimaCom e nas páginas e redes sociais da Sub-rede. Propostas ativas de produzir/pensar/fazer e a produção de sentidos que buscam tensionar padrões das mídias tradicionais, buscando o combate à impotência e inação diante da problemática das mudanças climáticas; a aposta na sensibilidade, no afeto, na educação do olhar para o não anestesiamento; o pensamento criativo, insubmisso e não passivo diante das narrativas já dadas.
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